O Pacifismo na Vida e Obra do Sheikh al-Islam Ibrahim Niyas
Discurso proferido pelo Sheikh Muḥammad al-Māḥī ibn ʿAlī Cissé
Em Nome de Allāh, o Misericordioso, o Compassivo!
Todo louvor é para Allāh, Aquele cujo Nome é Paz!
E que a bênção e a paz de Allāh estejam com o Profeta do Islam, nosso senhor Muḥammad – aquele que chama para ser seguido à Morada da Paz – bem como com sua Família, seus Companheiros e todos aqueles que se conformarem à sua Guia, até o Dia da Retribuição!
Ó nobres irmãos, Sua Excelência, o Presidente da República do Senegal, Sr. Macky Sall – que Allāh coroe com êxito todos os seus esforços em liderar este país rumo ao desenvolvimento! – o Senhor Aḥmad Tawfīq, Ministro dos Assuntos Religiosos do Reino de Marrocos, representando aqui a Sua Excelência o Rei, o Líder dos Crentes, Muḥammad VI, Rei do Marrocos – que Allah o ajude e sustente! -, senhores Ministros, Sábios e Líderes Religiosos, distintos convidados que vêm de incontáveis países, queridos irmãos, que a paz esteja com vocês, assim como a Misericórdia de Allah e Suas bênçãos!
Introdução
Louvado seja Allāh, que nos chamou para a unidade nos atos e nas palavras, e disse: ﴾ E agarrai-vos todos à corda de Allāh. E não vos separeis ﴿ Qur’an 3: 103. E que a bênção e a paz estejam sobre aquele que foi criado como uma Misericórdia para os mundos, bem como com sua família e seus companheiros (os melhores seres humanos).
É certamente uma grande alegria e satisfação estar aqui diante de todos, senhoras e senhores, para apresentar meu discurso nesta Conferência extremamente importante que ocorre em um momento crucial, quando os muçulmanos necessitam entender mais do que nunca a mensagem de paz transmitida pelo Qur’an e pela Sunna. Mas, antes de começar a tratar do assunto que nos interessa, a saber, o pensamento e o posicionamento pacifistas do Sheikh Ibrāhīm Niyās, gostaria de afirmar em poucas palavras, mas de forma absolutamente certa, a posição do Islam em relação à paz – com o objetivo de mostrar que o verdadeiro muçulmano, quando segue o Islam de maneira adequada, é totalmente pacífico e não viola o direito de ninguém.
No Islam, a paz é a regra e a guerra a exceção. O Islam chama para a paz, odeia a guerra e leva as pessoas a odiarem a guerra. Os versos do Qur’an e as palavras proféticas concordam em apoiar a ideia de que o Islam é uma religião de paz. No Qur’an, encontramos cerca de 130 palavras derivadas da mesma raiz da palavra « salām », que significa “paz” em árabe. Quanto ao combate (qitāl), foi definido pelo Qur’an como “detestável” (kurh): ﴾É-vos prescrito o combate e ele vos é odioso ﴿ Qur’an 2: 216. Da mesma forma, Allāh favoreceu os muçulmanos evitando o mal do combate: ﴾ E Allāh dispensou aqueles que descreram, cheios de rancor, sem que conseguissem triunfar. E Allāh resguardou os crentes do combate. E Allāh é Forte, Todo-Poderoso ﴿ Qur’an 33:25. A palavra “guerra” (ḥarb) só aparece no Qur’an seis vezes, pois é considerada no Islam como uma das palavras mais horrendas, como se transmitiu em um ḥadīṯh do Profeta ﷺ: « O nome mais amado por Allāh, é ʿAbd Allāh ou ʿAbd ar-Raḥmān. E o nome mais odiado por Allāh é Ḥarb (guerra) e Murra (amargura) ». E disse também ﷺ: « Não deseje encontrar com os teus inimigos. Peça a Allāh para preservá-los e se você tiver que enfrentá-los, mostre paciência. E saiba também que o paraíso está à sombra das espadas ». Além disso, no Islam a guerra só se justifica quando é realizada para defender os fracos, combater a injustiça ou preservar os vários locais de culto, incluindo sinagogas e igrejas. Na verdade, Allāh disse: ﴾ Se Allāh não tivesse rechaçado certas pessoas valendo-se de outras, teriam sido destruídos santuários, igrejas, sinagogas e mesquitas, onde o nome de Allāh é invocado abundantemente ﴿ Qur’an 22:40.
O pensamento pacifista do Sheikh Ibrāhīm Niyās
O pensamento e o posicionamento pacifistas do Sheikh Ibrāhīm Niyās são baseados unicamente nos ensinamentos do Profeta ﷺ, que incorporou o Islam em sua dupla dimensão jurídica e doutrinária. Os Sábios que alcançaram o mais alto grau – aqueles que se identificam com ele [o Profeta] ﷺ e, com mais razão, transmitem melhor sua mensagem – são aqueles que carregam essa herança, porque como um ḥadīṯh diz: «A ciência dos Profetas, depois deles, só as pode carregar os justos, aqueles que destroem as interpretações dos extremistas e as pretenções dos falsificadores». Esses são os que realmente transmitem a mensagem do Profeta ﷺ, que foi o melhor homem em termos de bondade de caráter, o mais amplo de coração entre todos, o mais misericordioso para com os servos de Allāh entre todos os Seus servos; não era injusto e ninguém poderia cometer uma injustiça estando com ele; escolhia entre duas coisas a mais fácil e entre dois comportamentos o melhor; e dizia: «Aos misericordiosos, o Misericordioso mostra misericórdia. Tende misericórdia dos que estão na terra, O que está nos Céus terá misericórdia de vós».
O Sheikh Ibrāhīm lutou contra a violência, a guerra e o homicídio neutralizando suas causas. E entre as causas mais relevantes da violência e da guerra, encontramos o partidarismo (al-ʿaṣabiyya), que era característico dos tempos pré-islâmicos. O partidarismo é o que leva alguém a ajudar seu próximo sem sequer se perguntar se este tem razão ou se ele se equivoca. Assim, os árabes do período pré-islâmico costumavam dizer que se um deles ficasse com raiva, com ele 100.000 de seus irmãos ficariam com raiva sem nem mesmo perguntar o por quê de ele se enraivecer. Dizia um poeta:
Nem sequer perguntam a seu irmão, quando ele os chama
Para combater, sobre suas razões ou suas provas.
Por isso, o Sheikh começou sua missão lutando contra o partidarismo, imitando nisso o Mensageiro de Allāh ﷺ. Ele disse:
«O primeiro erro que logo desviou todas as seitas é o erro de Iblis, quando ele disse, ‘Eu sou melhor do que ele‘.»
O Sheikh Ibrāhīm alertou seus discípulos sobre o perigo das vãs ilusões, como aquelas que assombram quem tem dinheiro, boa linhagem ou um grande número de filhos. Ele disse:
«Que Shayṭān não vos engane, deixando-vos orgulhosos pelo número de suas propriedades e filhos, ou pela glória de seus pais e antepassados, porque no começo a urina vem de água pura e saudável!».
Depois de diagnosticar seus alunos sobre suas enfermidades, o Sheikh indica o remédio correspondente. E depois de ter mostrado a eles quem é seu verdadeiro inimigo, ele lhes dá este conselho para fortalecer a paz dentro de sua comunidade:
«Rendam-se a Allāh, Allāh se renderá a vocês; e não temam as críticas do censor quando agirem por Allāh. Que cada um de vocês tenha um coração limpo e não censurem ninguém por nada, porque vocês não possuem nenhum inimigo entre todos os Gênios e Homens, fora do seu próprio ego, que está em vocês mesmos. Quem quiser criticar, que critique o seu ego; e quem quiser lutar, que lute contra o seu ego. Bem-aventurados aqueles que se ocupam de seus próprios defeitos a ponto de se esquecerem dos defeitos dos outros. No entanto, isso não lhe impede de exortar seus irmãos, nem de lhes mostrar suas faltas, quando isso for necessário.»
Igualmente, a política, com todas as suas dissensões, constitui uma das principais causas da guerra. Por isso, o Sheikh não parou de alertar contra os perigos da política em seu sentido atual, e afirmou abertamente que seu movimento nada tinha a ver com política. Ele disse em um de seus sermões: «Cuidado e cuidado ao entrar na política!». Eis aqui um dos princípios fundamentais da Fayḍah, ao qual os membros deste movimento devem retornar a cada instante. Mas, apesar disso, o Sheikh sempre se preocupou com o estado do mundo islâmico e costumava dizer que a política, para o muçulmano, deve se limitar ao que pode ser útil para sua religião.
Ele também repetiu, em várias ocasiões, que o partidarismo consiste em acreditar-se superior aos outros e em desprezar os demais unicamente por razões de nacionalidade ou de cor. Aquele que pensa assim segue o exemplo de Iblīs e coloca a estreiteza de sua inteligência acima da Ordem Divina. Quanto àquele que realmente responde ao chamado do Qur’an, Allāh purifica seu coração dessas inaptidões; e a pureza do seu coração aumenta na proporção da força da sua fé e diminui na proporção da fraqueza da sua fé.
Sheikh Ibrāhīm estabeleceu, dessa forma, as bases da unidade e do respeito mútuo entre os membros de sua comunidade. Ele olhou para toda a criação com os olhos do amor e do respeito. Dizia:
Certamente toda a criação é constituída pelos servos de Allāh.
Não firas, oh meu irmão, os servos de Allāh!
Tu não gostarias que alguém ferisse teu servo,
Mesmo quando ele tenha feito algo errado. Portanto, tema a teu Senhor!
Ele declarava considerar todo ser humano com uma estima tal que excluía toda animosidade em seu mais baixo grau e alcançava o amor em seu grau mais alto. Dizia:
Minha aspiração em relação à comunidade como um todo é levá-la
Até a Presença do Benfeitor, o Misericordioso, nosso Deus.
Apesar disso, o Sheikh afirmava também que o Islam não estabelece qualquer separação entre o religioso e o político, no sentido de que os homens de Deus também podem ser homens de ação. Mas, entrando na política, o muçulmano deve ter como único objetivo a elevação do Islam com suas palavras e atos. Quanto a quem participa de uma política que se afasta da religião para obter bens ou honras, é como se tivesse vendido a sua última vida por sua vida terrena. Allāh, Allāh, Allāh, ó servos de Allāh! « Diga a verdade, mesmo quando for amarga ».
Assim, o Sheikh considerava como um princípio de seu compromisso pacifista o fato de concordar com os políticos em tudo que não tenha consequências negativas e em tudo o que não diga respeito à honra do Islām.
A divergência segundo o Sheikh Ibrāhīm
O caminho do Sheikh Ibrāhīm se baseia no chamamento a Allāh através da sabedoria e do bom conselho, da multiplicação e da criação de laços e de pontos em comum entre as pessoas, da supressão das causas que provocam o orgulho e o erro, da atenuação das diferenças com um espírito de aproximação e aceitação dos outros como eles são. Dizia: «A divergência não está proibida, porque os homens foram criados para discordar.» Allāh disse sobre os homens: ﴾ Não cessam em suas discrepâncias, exceto aqueles que se beneficiaram da Misericórdia de seu Senhor. E é por isso que ele os criou ﴿. Qur’an 11: 118-119.
Na verdade, é dito que a divergência entre os Sábios é uma misericórdia; e que o que está proibido é divisão, não a divergência. Uma pessoa pode entender uma coisa e outra entender diferente, e não há nada de repreensível nisso. O que, pelo contrário, é repreensível, é quando isso tem um efeito sobre os corações, de modo que as pessoas se tornam inimigas umas das outras.
Se meditarmos, por exemplo, nas discrepâncias que podem surgir entre as pessoas, rapidamente veremos que são insignificantes. Mas Shayṭān e o ego entram no jogo, aumentam as discordâncias, semeiam o joio e criam divisão entre as pessoas. Assim agem os inimigos da religião: eles encontram uma comunidade na qual existem pequenas discrepâncias entre os diferentes grupos e então se infiltram para criar divisão entre eles. É o mesmo com os diferentes grupos do Islam: o Jawārij, o Shīʿa e o Ahl as-Sunna wa-l-Jamāʿa. Se alguém medita com base em suas discrepâncias, percebe que é pequena e que, em todo caso, por si só não podem provocar inimizade, hostilidade e confronto entre as diferentes correntes do Islam.
Isso explica por que a maioria dos males que hoje em dia afetam os muçulmanos, no campo da política, derivam, na verdade, de oposições ideológicas e não religiosas. Cada grupo pretende possuir toda a verdade, como se todos os outros grupos estivessem completamente errados. Assim, provocam no coração de seus seguidores a aversão e o ódio pelos demais, criando o confronto. E eles acabam destruindo seus países com as próprias mãos.
Em certo sentido, o pensamento do Sheikh estava à frente de seu tempo. Ele já previa a chegada da globalização, pois descreveu o mundo como um povoado no qual todos compartilham do mesmo interesse geral, do mesmo cotidiano e dos mesmos movimentos políticos e sociais. Então, restam apenas as peculiaridades religiosas, que dependem de uma opção individual. Foi assim que Sheikh Ibrāhīm descreveu o mundo em uma conversa com o Presidente da URSS, Leonid Brejnev. E disse também em um de seus sermões: “Podemos representar a relação entre muçulmanos e não muçulmanos sob a forma desta imagem: são como as pessoas de um país em que cada família tem sua residência específica. Durante o dia, eles compartilham suas tarefas juntos; mas quando a noite cai, cada grupo volta para casa. A casa do muçulmano, são suas práticas religiosas obrigatórias (wājib) e recomendadas (mandūb). Quanto ao não-muçulmano, ele sabe do que é feita sua casa. E o que é permitido (mubāḥ) para o muçulmano constitui o espaço de troca entre ele e o não-muçulmano. Assim, o muçulmano não prejudica o ateu de forma alguma, nem o ateu prejudica o muçulmano. E é o mesmo com o cristão.
A cooperação é possível quando é baseada no respeito mútuo e na igualdade real, quando não há opressão, nem exclusão, nem exploração, nem discriminação, porque de acordo com ḥādīth «Os homens são iguais como os dentes de um pente». E também este ḥādīth: «Todos vocês são de Ādam e Ādam é da terra.» A vida terrestre é para todos e a última vida é para aqueles que fazem boas obras. ﴾ Vosso Senhor sabe melhor quem segue o melhor caminho ﴿ Qur’an 17:84. ﴾ Diga: “Não sereis interrogados sobre os crimes que cometemos, nem seremos interrogados acerca do que fazeis. Diga: Nosso Senhor nos reunirá e julgará entre nós com a Verdade, porque Ele é o Grande Juiz, o Onisciente ﴿ Qur’an 34: 25-26.
Não pode haver divisão ou discriminação, seja por raça, religião ou cor. Ninguém pode se opor legitimamente a esse pensamento luminoso. Assim, o Sheikh conseguiu reunir ao seu redor milhões de pessoas espalhadas por todo o planeta. E, apesar disso, nenhum de seus seguidores pegou em armas. Estando particular e verdadeiramente apegado aos ensinamentos da religião, o Sheikh não fez nada além de espalhar a paz por todo o mundo. Dizia: «Um país pode funcionar perfeitamente quando é governado por um líder infiel, mas justo. No entanto, não pode funcionar quando governado por um líder injusto, mesmo que ele seja muçulmano». E quando o Islã ou os fracos foram atacados, tomou uma posição firme contra essas injustiças, opondo-se à tirania e à opressão.
O posicionamento pacifista do Sheikh com relação à guerra
O Sheikh Ibrāhīm era um pregador que chamava para o Islam e para a Paz, mesmo no meio da guerra. Por exemplo, na época da guerra de Biafra, quando a Nigéria estava prestes a ser dividida em dois Estados diferentes (Níger e Nigéria), o Sheikh se posicionou firmemente a favor da unidade do território nacional nigeriano, a fim de servir sinceramente à comunidade muçulmana. Ele disse em uma de suas cartas dirigidas aos seus maiores discípulos na Nigéria:
«Peço a Allāh que os mantenha longe dessa guerra e traga segurança, paz e estabilidade ao seu país. O serviço que devemos prestar ao Islam e a todos os povos só é possível por meio da paz, segurança e estabilidade. Pessoalmente, acredito que a unidade nacional do território nigeriano é uma causa sagrada que não deve ser renunciada. Acho que todas as nações africanas deveriam um dia se unir para facilitar a cooperação e tornar mais eficaz a ajuda mútua entre esses diferentes países. E, com base nisso, podemos dizer que quem cria divisão, se desassocia da comunidade e luta contra a unidade nacional da Nigéria, é um inimigo público da Nigéria e da África. Portanto, devemos combatê-lo com as armas de nossas súplicas. E não negligencie nenhuma arma à sua disposição nesta área, isto é, a das súplicas».
Que discurso! Mesmo no meio de uma das crises mais terríveis, uma das guerras civis mais sangrentas, o Sheikh nunca pediu que seus seguidores pegassem em armas, temendo que sangue inocente fosse derramado. Ele apenas exortou a usar as armas das invocações e súplicas; E certamente já foram vistos prodígios com esse tipo de arma!
E em outra carta endereçada a as-Sanūsī, seu Califa na Nigéria, ele disse: “Toda a África, e não apenas a Nigéria, deve se unir. “E recomendem mutuamente a verdade e recomendem mutuamente a paciência”». Da mesma forma, o ex-presidente da Nigéria na época da guerra de Biafra, Yakubu Gowon, declarou que Sheikh Ibrāhīm o ajudou pessoalmente e que trabalhou pelo retorno da paz na Nigéria e pela unidade do território.
Seu pensamento a respeito da jihād era – como já dissemos – que só existe jihād defensivo: no Islam a guerra só pode ser travada para defender a vida, se opor à injustiça e defender os fracos. Disse o Sheikh Ibrāhīm
Eu voei por sobre mares transbordantes e, inclusive,
Sobrevoei cidades, metrópoles e, também, montanhas.
Eu busco a satisfação do Criador, sustentando Sua religião
E dando o exemplo para a nova geração.
Fraco, doente e velho, mas cheio de entusiasmo,
Eu trabalho por uma fé que abomina a violência,
Porque o Profeta, o Hashemita, nunca começou uma guerra,
Mas ele repeliu a inimizade e refutou a ignorância.
Essa é a natureza primordial do ser humano, uma natureza pacífica, que vem do Nicho da Profecia. Não é à toa já que o detentor supremo deste Nicho e protótipo do homem perfeito, o Profeta do Islam ﷺ, disse: «Não desejem encontrar seus inimigos. Peça a Allāh para preservá-los e se você tiver que enfrentá-los, mostre paciência».
Conclusão
Para encerrar, gostaria de expressar minha gratidão à Federação Ansaroudine pelos esforços que realizou sob a liderança do califa geral Sīdī Aḥmad at-Tijānī ibn Ibrāhīm Niyās – que Allāh o preserve! -, o que possibilitou organizar uma reunião como esta. Graças a este tipo de conferência, podemos redirecionar a comunidade muçulmana para uma compreensão adequada do Islam, como uma religião de paz que transmite uma mensagem cheia de misericórdia e amor. E conclamamos todos os nossos irmãos muçulmanos e não-muçulmanos aqui presentes a retornarem a seus respectivos países como emissários da paz, do amor e da misericórdia.
Não há dúvida de que quando pregadores e educadores conseguem formar as pessoas de tal forma que elas estão vazias de todo partidarismo e discriminação para com os outros, quando as pessoas estão unidas pelo respeito mútuo, quando o orgulho não é mais opressor, nem a desigualdade é uma fronteira entre as diferentes classes sociais, quando a tolerância e a justiça são os alicerces das relações entre os indivíduos, quando a política deixa de ser exercida para comandar e conseguir uma posição ou para explorar os fracos, quando o dinheiro dos ricos é usado para suprir as necessidades dos pobres, quando construímos uma sociedade em que todos os seus membros estão unidos pelo amor mútuo, pela misericórdia e pela caridade, quando nenhum de nós caia no extremismo, no fanatismo ou no terrorismo em nome de uma religião, de uma ideologia, de uma crença ou de uma filosofia, quando os pregadores forem emissários da paz e da misericórdia – espalhando boas novas e não afugentando as pessoas com seus discursos, sendo exemplos de ajuda mútua no espaço público e aceitando os outros apesar de seus desacordos – quando estivermos verdadeiramente cientes do preço da vida humana e a fé for o maior freio à violência, quando formos como os misericordiosos mencionados no ḥadīth: «Para o misericordioso, o Misericordioso mostra misericórdia. Tende misericórdia dos que estão na terra, O que está no céu terá misericórdia de vós»; quando tudo isso se realizar, então veremos uma nova era de ouro do Islam, uma nova sociedade ﴾segura e calma, na qual abundantes bens fluem de todos os lugares﴿ Qur’an 16: 112. A violência não terá lugar nessa sociedade, que não poderá ser descrita como um lugar onde sangue inocente é derramado.
Não podemos terminar este discurso sem repetir em coro estes versos do poema Sayrul-qalb, escrito por nosso senhor, Sheikh al-Islām, o Sheikh Ibrāhīm Niyās – que Allāh esteja plenamente satisfeito com ele até o ápice da satisfação e nós por ele, āmīn!:
Oh meu Senhor, alegra meu coração fazendo que veja
Como neste século o erro desaparece completamente,
E como a bandeira do Hashemita se eleva, e como cai
A bandeira da descrença e da tirania! Já se eleva
Para Ti! Não tenho esperança exceto em Ti. E se eu tivesse que obter
De outro, que não de Ti,o que desejo, eu não aceitaria.
Que a bênção de Allāh, bem como a Sua Paz estejam contigo, Ó Profeta!
Permita-nos, a mim e aos meus companheiros, tomar-Te como refúgio.
Que a bênção de Allāh, bem como a Sua Paz estejam contigo,
Com uma paz que abrange os Companheiros do Profeta e sua Família!
Que a paz esteja com vocês, assim como a Misericórdia de Allāh e Sua Bênção!
✺✺✺
Discurso proferido por Shekh Muḥammad al-Māḥī Cissé na Conferência Internacional da Paz que aconteceu em Dakar nos dias 28 e 29 de julho de 2015 e foi organizada pela Federação Ansaroudine, sobre o tema: «A contribuição do Islam para a difusão contínua da paz».
Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.
Cookies estritamente necessários
Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.
Cookies de desempenho
Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.
Cookies de funcionalidade
Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.
Cookies de publicidade
Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.
Importante:
Utilizamos cookies para garantir a melhor experiência em nosso site. Isto inclui cookies de sites de mídias sociais de terceiros e cookies de publicidade que podem analisar o uso deste site. Para concordar, clique em "Entendi". Para desativar, clique em "Configurações de cookies".