O Sheikh Hassan Cisse (1945-2008) (que Allah esteja satisfeito com ele) foi o proeminente porta-voz da Tariqa Tijaniya em tempos recentes. Foi um sábio muçulmano realizado, emergindo dum legado longo e vibrante de aprendizado islâmico na África Ocidental. Neto e herdeiro espiritual do Sheikh Ibrahim Niasse (que Allah esteja satisfeito com ele), foi designado por ele como o Imam da Jama’at Nasr al-‘Ilm [Comunidade do Auxílio do Conhecimento], os seguidores do Sheikh Ibrahim que historicamente foram o maior movimento islâmico da África Ocidental do século XX.
O Sheikh Hassan foi um sábio realizado e guia espiritual. Recebeu um treinamento completo nas ciências islâmicas tradicionais: o Alcorão e a sua exegese (tafsir), as tradições (hadith) e história (sira) proféticas, jurisprudência e as suas fontes (fiqh e usul al-fiqh), literatura (adab), poesia (shi’r), gramática (nahw) e sufismo (tassawwuf). Depois de memorizar o Alcorão em tenra idade na Mauritânia, foi educado principalmente no Senegal sob a supervisão pessoal do Sheikh Ibrahim Niasse, que reuniu em Caulaque (Kaolack/Kawlax) alguns dos mais renomados sábios do próprio Senegal, Mauritânia, Nigéria e além. Entre esses se incluíam o próprio pai do Sheikh Hassan, o Sheikh Seyidi ‘Ali Cisse e a sua mãe Seyida Fatima al-Zahra Niasse (que Allah esteja satisfeito com todos eles até o cume da satisfação). A linhagem dos Cisse, originalmente de falantes de línguas mandês, é um dos grupos eruditos mais antigos na África Ocidental, traçando a sua conversão ao Islam há 1000 anos a partir de Cumbi-Salé (na atual Mauritânia, antiga capital do Império de Gana), uma das grandes cidades da orgulhosa história da África Ocidental. Em muitos lugares na África Ocidental, “Cisse” costumava ser simplesmente sinônimo de “erudito/sábio”.
A própria reputação acadêmica do Sheikh Hassan lhe conferiu o respeito dos sábios muçulmanos ao redor do mundo. Por exemplo, o Sheikh Muhammad Yassin al-Fadani (m. 1990), a autoridade indonésia do Hijaz, mandou-lhe um diploma (ijaza) pessoal transmitindo alguns dos 700 diplomas que o Sheikh Yassin coletara de sábios proeminentes por todo o mundo islâmico.
Semelhantemente, o grande sábio do hadith de Medina, o Sheikh Ahmad Muhammad ‘Abd al-Jawwad, presenteou-o com uma ijaza depois de lhe haver sido instruído a fazê-lo num encontro visionário com o Profeta Muhammad (que a bênção e a paz de Allah estejam sobre ele). O próprio Sheikh Hassan Cisse possuía mais de 600 ijazat de sábios muçulmanos de todo o mundo, e as mais estimadas dessas continuaram sendo as do seu avô, o Sheikh Ibrahim Niasse.
Embora o Sheikh Hassan tivesse apenas trinta anos no momento da passagem do seu avô, conta-se que o Sheikh Ibrahim lhe mostrava um favor especial desde o seu nascimento em 1945. No último desejo e testamento do Sheikh Ibrahim, recomendara os seus próprios filhos ao seu discípulo mais íntimo e companheiro de vida, Seyidi ‘Ali Cisse, e disse que eles deveriam “estar com ele assim como estão comigo hoje.”O testamento menciona o Sheikh Hassan pelo nome como o Imam da comunidade depois do seu pai. Foi um dos últimos a vê-lo vivo.
Além das ciências tradicionais, o Sheikh Hassan também obteve alto mérito na educação acadêmica superior, obtendo um bacharelado em Estudos Islâmicos e Literatura Árabe na Universidade ‘Ain Shams (Cairo, Egito) e um mestrado em Língua Inglesa na Universidade de Londres. Perto de completar o seu doutorado em Estudos Islâmicos na Universidade do Noroeste (Chicago, EUA), o seu pai (Sheikh ‘Ali Cisse) faleceu, e o Sheikh Hassan foi obrigado a retornar para o Senegal para assumir o imamato em Caulaque. O Sheikh Hassan era fluente em árabe, inglês, francês e hauçá. além da sua língua nativa, o uólofe.
O Sheikh Hassan Cisse continuou a obra do seu avô, introduzindo o Islam a milhares e unificando diversas culturas sob a bandeira do Islam. O Sheikh afetara positivamente as vidas de muitos em sociedades repletas de tensões étnicas e religiosas, tais como a Nigéria, Mauritânia, África do Sul e os EUA. O Sheikh Hassan veio primeiramente para os EUA em 1976, e desde então trabalhou incansavelmente para promover a boa vontade e troca positiva entre estadunidenses e a comunidade islâmica internacional, enfatizando a espiritualidade essencial (sufismo) e a etiqueta do Islam para promover o melhoramento individual e irmandade real. Esses esforços trouxeram fruto através da fundação do Instituto Islâmico Afro-Americano (African American Islamic Institute – AAII), uma ONG (Organização Não Governamental) reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) que promove educação, saúde e direitos da mulher, além de trocas e diálogos internacionais entre os EUA e a África Ocidental.
Os esforços sociais do Sheikh Hassan foram reconhecidos por várias organizações internacionais, tais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo de População das Nações Unidas (United Nations Population Fund – UNPFA), o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children’s Emergency Fund – UNICEF) e o Rotary Internacional. Participou das conferências anuais da ONU para ONG’s e era um frequente orador convidado na UNICEF e em outros eventos patrocinados da ONU. O seu papel como eminente sábio islâmico comprometido com as necessidades reais da humanidade também ocasionou a sua eleição como Presidente da recém-formada Rede de Organizações Islâmicas Africanas para População e Desenvolvimento (Network of African Islamic Organizations for Population and Development).
As suas credenciais como sábio islâmico tornou-o um professor convidado frequente em lugares como Nigéria, Mauritânia, Marrocos, Gana, Níger, Burquina Fasso, Costa do Marfim, África do Sul, França, Alemanha, Inglaterra, EUA e mais. A famosa Universidade de al-Azhar do Egito honrou o Sheikh com o prêmio de “alta distinção” pelas suas atividades como um sábio muçulmano mundialmente renomado.
O Sheikh Hassan passou deste mundo aos 14 de agosto de 2008. O seu funeral em Medina Baye, Caulaque, foi assistido por mais de dois milhões de pessoas e a sua partida foi lamentada por muitos mais ao redor do mundo. Foi sucedido pelo seu irmão e companheiro, o Sheikh Tijani Cisse (que Allah o preserve).
Escrito por: Zakariya Wright
Traduzido ao português por: Ya’qûb ‘Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)
O Sheikh Hassan Cisse (1945-2008) (que Allah esteja satisfeito com ele) foi o proeminente porta-voz da Tariqa Tijaniya em tempos recentes. Foi um sábio muçulmano realizado, emergindo dum legado longo e vibrante de aprendizado islâmico na África Ocidental. Neto e herdeiro espiritual do Sheikh Ibrahim Niasse (que Allah esteja satisfeito com ele), foi designado por ele como o Imam da Jama’at Nasr al-‘Ilm [Comunidade do Auxílio do Conhecimento], os seguidores do Sheikh Ibrahim que historicamente foram o maior movimento islâmico da África Ocidental do século XX.
O Sheikh Hassan foi um sábio realizado e guia espiritual. Recebeu um treinamento completo nas ciências islâmicas tradicionais: o Alcorão e a sua exegese (tafsir), as tradições (hadith) e história (sira) proféticas, jurisprudência e as suas fontes (fiqh e usul al-fiqh), literatura (adab), poesia (shi’r), gramática (nahw) e sufismo (tassawwuf). Depois de memorizar o Alcorão em tenra idade na Mauritânia, foi educado principalmente no Senegal sob a supervisão pessoal do Sheikh Ibrahim Niasse, que reuniu em Caulaque (Kaolack/Kawlax) alguns dos mais renomados sábios do próprio Senegal, Mauritânia, Nigéria e além. Entre esses se incluíam o próprio pai do Sheikh Hassan, o Sheikh Seyidi ‘Ali Cisse e a sua mãe Seyida Fatima al-Zahra Niasse (que Allah esteja satisfeito com todos eles até o cume da satisfação). A linhagem dos Cisse, originalmente de falantes de línguas mandês, é um dos grupos eruditos mais antigos na África Ocidental, traçando a sua conversão ao Islam há 1000 anos a partir de Cumbi-Salé (na atual Mauritânia, antiga capital do Império de Gana), uma das grandes cidades da orgulhosa história da África Ocidental. Em muitos lugares na África Ocidental, “Cisse” costumava ser simplesmente sinônimo de “erudito/sábio”.
A própria reputação acadêmica do Sheikh Hassan lhe conferiu o respeito dos sábios muçulmanos ao redor do mundo. Por exemplo, o Sheikh Muhammad Yassin al-Fadani (m. 1990), a autoridade indonésia do Hijaz, mandou-lhe um diploma (ijaza) pessoal transmitindo alguns dos 700 diplomas que o Sheikh Yassin coletara de sábios proeminentes por todo o mundo islâmico.
Semelhantemente, o grande sábio do hadith de Medina, o Sheikh Ahmad Muhammad ‘Abd al-Jawwad, presenteou-o com uma ijaza depois de lhe haver sido instruído a fazê-lo num encontro visionário com o Profeta Muhammad (que a bênção e a paz de Allah estejam sobre ele). O próprio Sheikh Hassan Cisse possuía mais de 600 ijazat de sábios muçulmanos de todo o mundo, e as mais estimadas dessas continuaram sendo as do seu avô, o Sheikh Ibrahim Niasse.
Embora o Sheikh Hassan tivesse apenas trinta anos no momento da passagem do seu avô, conta-se que o Sheikh Ibrahim lhe mostrava um favor especial desde o seu nascimento em 1945. No último desejo e testamento do Sheikh Ibrahim, recomendara os seus próprios filhos ao seu discípulo mais íntimo e companheiro de vida, Seyidi ‘Ali Cisse, e disse que eles deveriam “estar com ele assim como estão comigo hoje.”O testamento menciona o Sheikh Hassan pelo nome como o Imam da comunidade depois do seu pai. Foi um dos últimos a vê-lo vivo.
Além das ciências tradicionais, o Sheikh Hassan também obteve alto mérito na educação acadêmica superior, obtendo um bacharelado em Estudos Islâmicos e Literatura Árabe na Universidade ‘Ain Shams (Cairo, Egito) e um mestrado em Língua Inglesa na Universidade de Londres. Perto de completar o seu doutorado em Estudos Islâmicos na Universidade do Noroeste (Chicago, EUA), o seu pai (Sheikh ‘Ali Cisse) faleceu, e o Sheikh Hassan foi obrigado a retornar para o Senegal para assumir o imamato em Caulaque. O Sheikh Hassan era fluente em árabe, inglês, francês e hauçá. além da sua língua nativa, o uólofe.
O Sheikh Hassan Cisse continuou a obra do seu avô, introduzindo o Islam a milhares e unificando diversas culturas sob a bandeira do Islam. O Sheikh afetara positivamente as vidas de muitos em sociedades repletas de tensões étnicas e religiosas, tais como a Nigéria, Mauritânia, África do Sul e os EUA. O Sheikh Hassan veio primeiramente para os EUA em 1976, e desde então trabalhou incansavelmente para promover a boa vontade e troca positiva entre estadunidenses e a comunidade islâmica internacional, enfatizando a espiritualidade essencial (sufismo) e a etiqueta do Islam para promover o melhoramento individual e irmandade real. Esses esforços trouxeram fruto através da fundação do Instituto Islâmico Afro-Americano (African American Islamic Institute – AAII), uma ONG (Organização Não Governamental) reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas) que promove educação, saúde e direitos da mulher, além de trocas e diálogos internacionais entre os EUA e a África Ocidental.
Os esforços sociais do Sheikh Hassan foram reconhecidos por várias organizações internacionais, tais como a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Fundo de População das Nações Unidas (United Nations Population Fund – UNPFA), o Fundo de Emergência Internacional das Nações Unidas para a Infância (United Nations Children’s Emergency Fund – UNICEF) e o Rotary Internacional. Participou das conferências anuais da ONU para ONG’s e era um frequente orador convidado na UNICEF e em outros eventos patrocinados da ONU. O seu papel como eminente sábio islâmico comprometido com as necessidades reais da humanidade também ocasionou a sua eleição como Presidente da recém-formada Rede de Organizações Islâmicas Africanas para População e Desenvolvimento (Network of African Islamic Organizations for Population and Development).
As suas credenciais como sábio islâmico tornou-o um professor convidado frequente em lugares como Nigéria, Mauritânia, Marrocos, Gana, Níger, Burquina Fasso, Costa do Marfim, África do Sul, França, Alemanha, Inglaterra, EUA e mais. A famosa Universidade de al-Azhar do Egito honrou o Sheikh com o prêmio de “alta distinção” pelas suas atividades como um sábio muçulmano mundialmente renomado.
O Sheikh Hassan passou deste mundo aos 14 de agosto de 2008. O seu funeral em Medina Baye, Caulaque, foi assistido por mais de dois milhões de pessoas e a sua partida foi lamentada por muitos mais ao redor do mundo. Foi sucedido pelo seu irmão e companheiro, o Sheikh Tijani Cisse (que Allah o preserve).
Escrito por: Zakariya Wright
Traduzido ao português por: Ya’qûb ‘Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)
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