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Seiyydi Sheikh 'Ali Cisse

Ali cisse Alfityanu Siddiq Brasil - Sheikh Mahi Cisse

Sîdi ‘Ali Cisse (que Allah esteja satisfeito com ele) através seus antigos laços de família de erudição e discipulado com al-Hajj ‘Abdullah Niasse (O Grande) teve acesso privilegiado ao Shaikh Ibrâhîm Niasse desde tenra idade. Desde os dezesseis anos, Sîdi ‘Ali foi o companheiro inseparável do Shaikh Ibrâhîm. Moravam no mesmo quarto e comiam do mesmo prato. Estudavam e trabalhavam no campo juntos. Depois do anúncio público da Fayda e do estabelecimento de Medina Baye, Sîdi ‘Ali se afiliou à comunidade como o companheiro mais confiável do Shaikh. Apesar do crescimento da sua própria reputação acadêmica, Sîdi ‘Ali continuou a trabalhar no campo para o Shaikh e a desempenhar qualquer tarefa que o Shaikh  lhe solicitasse. De acordo com o Shaikh Hassan Cisse, é dito:

“O serviço (khidma) do disicípulo (murîd) é a sua escada para obter as suas aspirações.”

Sîdi ‘Ali não conseguiu o seu cargo com o Shaikh Ibrâhîm somente porque o Shaikh o amava; essa não era a única razão pela qual o Shaikh Ibrâhîm lhe dava tudo. Sîdi ‘Ali  trabalhava mais duro que todos, às vezes ficava no campo até desmaiar de exaustão. Escreveu a maior parte das coisas, frequentemente sem comida. A maioria dos escritos do Shaikh foram redigidos por Sîdi ‘Ali: o Kâshif al-Ilbâs [Remoção da Confusão] e provavelmente 80% das cartas do Jawâhir al-Rasâ’il [As Joias das Cartas]. Às vezes o Shaikh lhe dava permissão para escrever por ele diretamente, sem dizer-lhe (exatamente) o que escrever.

A ética de trabalho exemplar de Sîdi ‘Ali virou um assunto favorito nas discussões sobre a conduta do discípulo em Medina Baye. A ênfase no serviço era devidamente frisada para os seus próprios filhos. Eis como o Shaikh Hassan Cisse se lembrava do conselho do pai:

Lembro-me de várias vezes ir à fazenda com o Shaikh [Ibrâhîm]. Perguntei para o meu pai uma vez: ‘Você acha que, por todo o nosso esforço na fazenda, que um dia seremos pagos por isso?’ Ele disse: ‘Quem disse a você que vamos à fazenda para ganhar dinheiro? Vamos à fazenda para adorar Allah. Trabalho é adoração.’ O meu pai costumava dizer: ‘ Se você está num lugar e não faz nada, você está estragando aquele lugar. Não sei onde um homem pode estar e conseguir tudo o que precisa sem fazer nada. Se você conhecer esse tipo de casa, conte-me. Serei o primeiro a fechar a minha casa e me mudar para lá.’”

A imagem dos descendentes da linhagem acadêmica mais eminente da África Ocidental labutando no campo certamente não foi perdida nos outros discípulos do Shaikh Ibrâhîm , que podem ter vindo de origens menos ilustres. Significativamente, o Shaikh Hassan lembrava da própria presença do Shaikh Ibrâhîm entre os trabalhadores no campo. O Shaikh Hassan relatou, semelhantemente, que o Shaikh Ibrâhîm desafiou-o uma vez numa competição de culinária quando o visitava no Cairo, nos anos 1960.


Desnecessário dizer que a primeira peça para reconstruir a relação de Sîdi ‘Ali com o Shaikh Ibrâhîm foi indubitavelmente a sua humildade no serviço, uma humildade que o Shaikh Ibrâhîm demonstrava pelo exemplo. Além de escrever e trabalhar no campo, Sîdi ‘Ali serviu como um dos professores primários da comunidade nascente. Junto com Ahmad Thiam e com o próprio Shaikh Ibrâhîm, naturalmente, Sîdi ‘Ali ensinou aos alunos a maioria dos textos clássicos das ciências islâmicas. Ficou conhecido como “a escola de jurisprudência”, embora a sua experiência não fosse limitada a esse campo.


Como citado anteriormente, ele foi o primeiro a guiar a reza de tarâwîh em Medina Baye durante o mês de ramadã, o que significava que era famoso pela perfeição da sua memorização e recitação do Alcorão. Também serviu como o Imâm regular da comunidade, o guia da reza coletiva. Era então ele a única pessoa a guiar a reza ritual a frente do Shaikh Ibrâhîm (r.a.a.), exceto pela reza de sexta-feira, a qual o próprio Shaikh Ibrâhîm tomava a frente. ‘Uthmân ibn ‘Ali Cisse lembrou-se de que o Shaikh Ibrâhîm costumava chegar na mesquita para a reza da aurora (fajr) antes de Sîdi ‘Ali (r.a.a.). Esperava pacientemente Sîdī ‘Ali (r.a.a.) chegar e guiar a reza, recusando-se a enviar qualquer um para apressá-lo.


Por tais esforços Sîdi ‘Ali  surgira como o representante indisputável do Shaikh Ibrâhîm no início do desenvolvimento da comunidade. Por volta de 1937, o Shaikh Ibrâhîm escrevera para Sîdi ‘Ali  para lhe dizer que, por Allah, ele era o seu sucessor espiritual (califa). Várias cartas particulares do Shaikh Ibrâhîm a Sîdi ‘Ali atestam a herança completa do discípulo do Shaikh: “Você é o detentor do patamar (maqâm) em tudo, e Allah está com você com a Sua vitória, a Sua ajuda e a Sua assistência e a Sua proteção.” Em outra carta, ele se referiu a Sîdi ‘Ali (r.a.a.) como: “O meu sucessor (califa), al-Hâjj ‘Ali Cisse, e não há outro sucessor com ele exceto ele, pois ele é, sem dúvida, o mais grandioso [nesse assunto]”.


Numa carta à comunidade, quando o Shaikh estava prestes a partir para Meca em 1965, o Shaikh Ibrâhîm Niasse  escrevera: Deixei Sîdi al-Hâjj ‘Ali Cisse como representante em meu nome, o detentor do meu patamar em tudo — na religião, no mundo, na minha família e do meu dinheiro — e aconselho aos meus dois filhos Ahmad [Dem Niasse] e o Shaikh [Tijâni Niasse] a ajudarem-no e a seguirem o caminho. Numa carta particular a Sîdi ‘Ali Cisse sobre o mesmo assunto ele disse ainda mais: Você é o detentor do meu patamar na minha ausência e na minha presença.”


Tal linguagem é difícil de explicar dentro dos moldes das relações shaikh-discípulo no Islã africano ocidental, que geralmente se foca no serviço submisso do discípulo ou na meditação social instrumentalista do marabuto. Até mesmo onde referências à posição espiritual específica ou sucessão em santidade não são diretamente citadas, as cartas do Shaikh Ibrâhîm Niasse demonstram afeição profunda por Sîdi ‘Ali Cisse. Respondendo ao pedido de Sîdi ‘Ali Cisse  de fazer a peregrinação (hajj), o Shaikh Ibrâhîm Niasse dirigiu-se ao seu discípulo: A paz esteja com você, e misericórdia e bênçãos, lócus do meu segredo, aquele digno de graça e bondade, o filho do meu espírito, a cura do meu coração que sangra, o sábio dos sábios, o exemplo de compreensão, o Gnóstico divino, al-Hâjj ‘Ali Cisse ibn Sayyid al-Hassan.” Em outra carta, o Shaikh (r.a.a.) escreveu a Sîdi ‘Ali Cisse (r.a.a.) enquanto o seu discípulo estava aparentemente dando viajando pela Nigéria em seu nome:


O filho do meu espírito, o mantenedor do meu segredo, o lócus do meu olhar (nadhr), o carregador do manto das devoções, aquele com o qual estou satisfeito por mim mesmo, minha família, meu estado espiritual (hâl), meus bens, meus irmãos e meus seguidores. Que Allah o recompense com um bem abundante: Sáyyid Abu ‘l-Hassan ‘Ali Cisse ibn al-Hassan, que a paz, misericórdia e bênçãos de Allah, o Altíssimo estejam com você.”


As cartas que o Shaikh Ibrâhîm Niasse escrevera a sîdi ‘Ali Cisse perto do fim da sua vida continham às vezes uma referência extraordinária a mais à posição espiritual de Sîdi ‘Ali Cisse. Numa carta do fim dos anos 1960, o Shaikh Ibrâhîm Niasse se referiu ao seu discípulo como: O sábio dos sábios, o servo (‘abd) do seu Senhor, aquele aniquilado em amor a Ele, o sucessor (califa) do Shaikh al-Tijâni (r.a.a.) sem discussão ou dificuldade, um presente da Presença Infinita, al-Hâjj ‘Ali Cisse, o filho de al-Hassan, o pai de al-Hassan.” Essencialmente o Shaikh Ibrâhîm Niasse estava descrevendo o seu discípulo como o herdeiro direto do Selo dos Santos, a posição distinta que o Shaikh Ibrâhîm Niasse  reivindicara a si mesmo. Os escritos do Shaikh Ibrâhîm Niasse a Sîdi ‘Ali Cisse somente podem ser entendidos obscurecendo a distinção entre shaikh e discípulo. Como o Shaikh Mâhi ibn ‘Ali Cisse (que Allah o preserve) explicou:

“A comunicação entre o Shaikh Ibrâhîm e Sîdi ‘Ali era tão próxima que às vezes era como se o Shaikh Ibrâhîm estivesse se dirigindo a si mesmo. Por exemplo: em uma carta o Shaikh Ibrâhîm se dirige a Sîdi ‘Ali: ‘À essência da minha presença espiritual’ (‘ain hádrati)…” Em outras palavras: o verdadeiro discípulo era o próprio shaikh.


Significativa e frequentemente, o discurso em torno das relações shaikh-discípulo retratava o exemplo de Sîdi ‘Ali Cisse como um convite aberto aos discípulos, e não como um ideal inalcançável. Mesmo quando afirmava a posição privilegiada do seu pai em relação ao Shaikh Ibrâhîm , o Shaikh Hassan Cisse então subitamente generalizava a relação paradigmática shaikh-discípulo: “O Shaikh Ibrâhîm disse uma vez: ‘Onde quer que Sîdi ‘Ali vá, considero que eu mesmo fui lá.’ Também considero o meu discípulo como eu mesmo.”

Em termos práticos, a relação de Sîdi ‘Ali Cisse com o Shaikh Ibrâhîm Niasse era tal que a maioria dos assuntos do shaikh passava pelas mãos de Sîdi ‘Ali. Certamente organizar os escritos do Shaikh Ibrâhîm Niasse era um trabalho pesado, e o Shaikh Ibrâhîm Niasse dedicou uma vez um verso da sua poesia a Sîdi ‘Ali Cisse deste jeito: 

“’Ali é o meu servo (khâdim), o tesouro do meu segredo e o meu escriba. Organizando os meus versos de elogio ao Profeta (mad’h), ele superara todos os seus contemporâneos.”

As cartas do Shaikh Ibrâhîm Niasse a Sîdi ‘Ali Cisse  revelam que aparentemente havia pouco que o Shaikh Ibrâhîm Niasse não compartilhava com Sîdi ‘Ali. Discutia sobre os seus filhos estudando no Cairo; falava das suas próprias viagens e lhe relatava diferentes fases da sua jornada; dava-lhe notícia de vários casamentos na comunidade; alertava-o de quem deveria receber certificados de autorização (ijâza) para assuntos específicos; passava mensagens para Sîdi ‘Ali Cisse transmitir ao resto dos discípulos. Ainda mais impactante é o fato de que muitas das cartas foram escritas no momento em que tanto o Shaikh Ibrâhîm Niasse quanto Sîdi ‘Ali Cisse  estavam presentes em Medina Baye, o que quer dizer que o Shaikh dispendia do seu tempo para escrever cartas para serem entregues a quase 200 metros da sua própria casa.
Talvez o mais significativo era que Sîdi ‘Ali Cisse foi o responsável primário por conduzir o treinamento espiritual (tarbiyya) em nome do Shaikh Ibrâhîm Niasse e por escrever as autorizações espirituais que o Shaikh Ibrâhîm Niasse concedia aos discípulos. Isso se estendia aos próprios filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse. O filho mais velho do Shaikh Ibrâhîm Niasse, ‘Abdullah, disse uma vez durante a celebração da vida de Sîdi ‘Ali Cisse: Tudo que aprendi, aprendi com Sîdi ‘Ali.” Um dos netos de Sîdi ‘Ali Cisse então comentou: Sîdi ‘Ali era o discípulo do Shaikh Ibrâhîm; o resto dos discípulos eram discípulos de Sîdi ‘Ali.”


Afirmações da posição incontestável de Sîdi ‘Ali Cisse  na comunidade não surgiram somente da família Cisse. O famoso muqáddam fula do Shaikh Ibrâhîm Niasse, Thierno Hassan Dem, dirigiu-se a Sîdi ‘Ali Cisse em uma carta particular: A paz esteja com você e a misericórdia e bênçãos. Ó mestre (sáyyid) excelente, o shaikh que chegou, o elo aperfeiçoado, Abu ‘l-Hassan ‘Ali Cisse.” Ele então descreveu um sonho que tivera, no qual vira uma grande luz, de clara luminosidade, descendente em Medina Baye. Ele escreveu que relatara o sonho ao Shaikh Ibrâhîm Niasse, que lhe disse: “Essa grande luz ninguém consegue suportá-la ou carregá-la exceto Sîdi ‘Ali Cisse, e essa luz é uma luz de aumento e elevação espiritual contínua.” Hassan Dem concluiu a sua carta citando que o seu sonho aconteceu na décima segunda noite do mês de moarrã: “Que é a mesma noite em que o Shaikh Ahmad al-Tijâni obtivera o seu patamar (maqâm) de santidade oculta (maktûm); então o seu patamar no seu tempo será como o do Shaikh al-Tijâni sobre todos os santos.”


Cartas semelhantes dos próprios filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse relatam o seu entendimento pessoal do patamar espiritual de Sîdi ‘Ali Cisse. Ahmad “Dem” ibn Ibrâhîm (m. 2010), que mais tarde se tornou o representante-chefe (califa) da família Niasse, escrevera a Sîdi ‘Ali Cisse em 1953 sobre um sonho elaborado, no qual o Shaikh Ibrâhîm Niasse anunciou à multidão dos seus seguidores reunidos as várias razões pelas quais escolhera Sîdi ‘Ali Cisse como o seu sucessor. O líder atual da família Niasse, Ahmad Tijâni ibn Ibrâhîm Niasse, escrevera a Sîdi ‘Ali Cisse em 1965: Sua excelência, o amado irmão, o meu mestre al-Hâjj ‘Ali Cisse. Estou informando a você, Sîdi, que vi o Mensageiro de Allah, paz e bênçãos sobre ele, duas vezes na sua forma. A cada vez, verifiquei se era realmente ele. E louvado seja Allah por isso.” É evidente então o como o discipulado paradigmático de Sîdi ‘Ali Cisse não era simplesmente um assunto particular entre ele o Shaikh Ibrâhîm Niasse.
O Shaikh Ibrâhîm Niasse recomendava abertamente aos outros discípulos que emulassem Sîdi ‘Ali Cisse. Uma vez ele recomendara a um discípulo que se aproximasse do Shaikh através de Sîdi ‘Ali, dizendo que ele obteve sucesso entrando na casa pela sua porta.” Na mesma carta, o Shaikh Ibrâhîm Niasse  deu permissão para que Sîdi ‘Ali Cisse fizesse a peregrinação [hajj], e acrescentou: Quem quer que vá com você, irá no bolso do Profeta (que asbênçãos e a paz de Allah estejam sobre ele).” Em outro lugar, o Shaikh Ibrâhîm Niassereferira-se à posição de Sîdi ‘Ali Cisse em relação ao resto dos discípulos, chamando-o de porta dos zéfiros celestes.” Em outra carta, pedira que Sîdi ‘Ali Cisse  rezasse pela viagem de um dos filhos do Shaikh; e continuou pedindo que Sîdi ‘Ali  dedicasse uma atenção especial aos filhos do Shaikh, pois os meus filhos são os seus discípulos, não os deixe… Não encontrei o tempo livre necessário para acompanhar os seus afazeres, então você tem a bênção (báraka) de ‘Ali al-Tamâssîni.” Relatos orais falam sobre recomendações pontuais semelhantes que o Shaikh Ibrâhîm Niasse dera aos discípulos quanto a Sîdi ‘Ali Cisse. De acordo com um filho dum dos proeminentes discípulos ganeses do Shaikh Ibrâhîm Niasse:
Al-Hâjj Ibrâhîm Mudaris e o meu pai (Ahmad Dimson) vieram uma vez visitar o Shaikh Ibrâhîm em Medina Baye. No meio da aula deles, ele começou a falar de maneira muito elevada de Sîdi ‘Ali Cisse. Disse: ‘Sîdi ‘Ali é o shaikh de todos os meus seguidores.’ Então ficou em silêncio, abaixou a sua cabeça e começou a transpirar.  Ergueu a sua cabeça e disse: ‘Se Sîdi ‘Ali Cisse houvesse vivido antes do Profeta Muhammad (que as bênçãos e paz de Allah estejam sobre ele), ele e os seus filhos seriam profetas de Allah.’ Essa afirmação seria semelhantemente entendida pelos seguidores no contexto das palavras do Profeta Muhammad (que as bênçãos e paz de Allah estejam sobre ele): ‘Os sábios da minha comunidade são como os profetas dos Filhos de Israel.’ Já que a profecia foi selada com o Profeta Muhammad (s.a.w.s.), Sîdi ‘Ali Cisse (r.a.a.) e os seus filhos Hassan, Tijâni e Mâhi são os sábios verdadeiros que carregam a herança profética. Sîdi ‘Ali Cisse foi assim a prova de que o discipulado ao ‘aperfeiçoado da era’ poderia transformar o aluno numa personificação paradigmática da religião de Allah.


Tais indicações, tanto das cartas privadas quanto dos testemunhos públicos, provêm o contexto para a afirmação do Shaikh Ibrâhîm Niasse no seu testamento: Se devo morrer, e ninguém vive para sempre exceto Allah; Allah é o meu herdeiro nos meus afazeres, e então o filho reto, o mais agradável servo, o sábio, o Conhecedor (‘Ârif) de Allah e de tudo, Sáyyid ‘Ali Cisse: ele é o custódio dos meus afazeres, pois ele é o shaikh dos meus filhos e dos meus companheiros, e o meu herdeiro (califa) perante Allah.” Essa afirmação, lida publicamente na mesquita na morte do Shaikh Ibrâhîm Niasse, previsivelmente causou alguma consternação naqueles que normalmente herdariam a posição dum marabuto. De acordo com o sábio senegalês Ravane Mbaye, a indicação do Shaikh Ibrâhîm Niasse dum discípulo a esse cargo em vez do filho mais velho do shaikh representava uma rompimento significativo  com os costumes senegambianos de sucessão santa. Joseph Hill disponibilizou um resumo útil da controvérsia silenciosa, agora aparentemente reconciliada, entre Sîdi ‘Ali Cisse e os filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse: o resultado dessa reconciliação foi a divisão informal de autoridade em Medina Baye entre os filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse, que representam a comunidade ao governo nacional, recebem convidados oficiais e planejam eventos na cidade, e os filhos de Sîdi ‘Ali Cisse, que detêm o imamato da mesquita (e por consequência a autoridade espiritual). Na prática, os limites ficaram pouco perceptíveis: certos filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse adquiriram uma reputação considerável como professores espirituais e sábios, e o imâm da comunidade exerce um papel significativo em administrar o funcionamento cotidiano da cidade.


Essa reconciliação foi tornada possível pelo próprio exemplo de Sîdi ‘Ali Cisse. Depois do falecimento do Shaikh Ibrâhîm Niasse, Sîdi ‘Ali parece ter minimizado a sua própria posição privilegiada junto ao Shaikh Ibrâhîm Niasse. O imâm atual de Medina Bai, Tijâni Cisse (h.a.), definiu a herança que o seu pai recebera do Shaikh Ibrâhîm Niasse como a sua habilidade de beneficiar o resto dos discípulos, em vez de enfatizar o seu domínio sobre eles: O que o Shaikh Ibrâhîm trouxera não foi através do sangue. Qualquer um pode ser chamado de califa, mas o califa real é aquele que sacia as necessidades do povo.”


Depois de ler uma troca de cartas entre o Shaikh Ibrâhîm Niasse e Sîdi ‘Ali Cisse num evento público relembrando-as, o Shaikh Tijâni Cisse disse à audiência, que incluía alguns dos filhos do Shaikh Ibrâhîm Niasse: Não trouxe essas cartas para mostrar o patamar espiritual de Sîdi ‘Ali, [mas] somente para demonstrar as boas maneiras desses homens, para mostrar como devemos todos nos comportar com o outro como muçulmanos.” A herança espiritual de Sîdi ‘Ali Cisse a partir do Shaikh Ibrâhîm Niasse foi assim conscientemente manobrada para evitar discussões políticas. Dessa maneira, o exemplo do discipulado paradigmático de Sîdi ‘Ali Cisse continuou a servir como uma fonte amplamente acessível de inspiração para as relações aluno-professor na comunidade.

ali cisse jamma Alfityanu Siddiq Brasil - Sheikh Mahi Cisse O surgimento dos seguidores de Shaikh Ibrâhîm Niasse  como uma nova comunidade clerical no Salum foi aumentada pela habilidade de recrutar representantes chaves das famílias clericais existentes. O disicipulado de Sîdi ‘Ali Cisse, o descendente duma antiga linhagem clerical ocidento-africana, assim exerceu um papel significativo na expansão da influência do Shaikh Ibrâhîm Niasse. A reputação da família Cisse era sem dúvida uma das razões do Shaikh Ibrâhîm Niasse ter enviado Sîdi ‘Ali Cisse para representá-lo por toda a África Ocidental, mas a capacidade extraordinária de Sîdi ‘Ali para internalizar a instrução do Shaikh Ibrâhîm Niasse também cumpriu um papel em comunicar aos outros alunos que a santidade do Shaikh Ibrâhîm Niasse convidara a participação deles.

Em 2006 Sîdi Zachary Wright teve a oportunidade de visitar uma cidade no norte de Gana com o Shaikh Hassan Cisse. Os anciões da vila lhes contaram a história da última visita de Sîdi ‘Ali Cisse à cidade deles por volta de 1980:


“Não chovia por muitos meses. As plantações estavam desfalecendo e os animais morrendo. Sîdi ‘Ali veio e pedimos que fizesse uma súplica. Depois de erguer as suas mãos em súplica, disse imediatamente: ‘Diga a todos nesta cidade: vão e peguem o seu guarda-chuva. Se não tiverem guarda-chuva, vão para dentro. Allah está enviando a chuva agora!’ E foi tal como dito.”


A mensagem era clara: Sîdi ‘Ali Cisse foi investido com a confiança espiritual extraordinária dum santo paradigmático. Sîdi ‘Ali era o Shaikh Ibrâhîm Niasse; o exemplo do discipulado idealizado de Sîdi ‘Ali Cisse, pelo qual ele aparentemente herdara tudo que o próprio Shaikh Ibrâhîm Niasse possuía, cumpriu a promessa das relações shaikh-discípulo e assim serviu como fonte de inspiração para os outros discípulos.

Traduzido ao português por: Ya’qûb ‘Abd al-Jabbâr Ghîmârâish (al-Brâzîli al-Tijâni)

Fonte: Zachary Wright, “Living Knowledge in West African Islam” [Conhecimento Vivo no Islã Africano Ocidental]

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